Carlos Roberto Ferriani


UFA QUE PARIU!

...e lancei meu livro
ou ele foi que me lançou,
tomado por únicos momentos.
... importa é que ele me ninou,
ele me dormiu, ele me sonhou,
...’antes mesmo do sonho’
Jamais terei, eu cacho,
outro assim.
O primeiro é eterno,
antes do segundo, porém,
manto igual, cativo...

... e deflorei meu crivo
ou ele foi que me “florou”,
enfeitado por túmidos sentimentos.
...porta do que me iluminou
do que me pariu, ou me criou,
...’antes mesmo do sonho’
Nunca serei, eu riacho,
só pra mim
o último será inverno
antes mundo, também
canto principal, adotivo...  


Cristiane Framartino Bezerra

EXUPÉRY E O PEQUENO PRÍNCIPE

Foi também o pequeno príncipe
Um anjo de doçura e amor
que ensinou a Exupéry
o valor de uma singela flor.
Ele, piloto destemido,
que tanta sede de viver sentia,
levava inquietude na alma
e nem amar direito sabia.
Fez sofrer sua pobre rosa.
A desejara tanto que a conquistara, é bem verdade.
Mas como não tinha mãos hábeis de jardineiro,
abandonara-a à própria sorte e ferira-a.
Então o anjo menino falou de cuidado,
de se querer bem ao que se cativa.
Mas o piloto sonhador
não teve tempo de praticar o que aprendera.
Porque lá nos confins dos céus
também o seduzira uma linda estrela!


Djalma Cano

LÁGRIMAS

Pequenas pérolas de dor
Descem pelas tuas faces
Sem que teu encanto
Se perca na sua vez de abrigo.

Suponho o sofrer,
Conjeturas sem valor
Adivinhar não cabe agora,
Importa o teu conforto.
Vai, vai, te recompõe...
Ah, sim, esse sorriso,
Sagrada exposição da tua alma..

Efigênia Coutinho

COPA 2010

Tenho um coração
que torce com emoção,
vibra com toda seleção
entoando sua canção...

Quer ver a vitoria?
Fica então em vigília,
para contar sua história
com gosto de euforia.

Não aceite prejuízo
tenha bastante juízo,
com o juiz tem prestígio
Copa 2010 é desafio!

O Gol atravessa o mundo
deste sonho que me inundo.
O nosso Brasil vai fundo
para Vitoria fecundo!...

É nesta festa mundial,
que vamos abençoar.
O HEXA a triunfar,
Numa alegria especial!


08.06.2010
Balneário Camboriú

Elisa Alderani

FERIDAS

Abri a gaveta das lembranças
Tirei tudo o que dentro estava.
Fechei todas as portas e as janelas,
Não queria que elas saíssem por ai,
Para espalhar minha historia.
O mundo está cheio
De palavras inúteis
Que não servem para nada,
Não enobrecem a vida.
Preciso agora descobrir
Os segredos da alma:
Curar, ungir, suturar feridas...
Sutis, apodrecidas.
Dobras doentes
Procurando refrigério,
Procurando alento,
Na simples caricia
Do toque do vento...
Depois, com carinho, guardo-as novamente,
Na última gaveta da minha mente.

Helena Agostinho

CASA de VÔ

Casa de vó tem cheiro diferente,
cheiro que espera a gente,
chega a hora que chegar .

Se ela mora na fazenda
O cheirinho  da merenda
é a mais pura oferenda
para deuses degustarem.

Cheiro de pão feito em casa,
batata doce na brasa
canjica, pipoca, manjar.
No almoço feijão com torresmo
macarronada com queijo,
frutas frescas do pomar.

No armário tem tanto pode
que se a gente tiver sorte
até dinheiro vai encontrar
Camomila, erva cidreira
folha seca de laranjeira
pode parecer besteira,
mas só o cheiro tira a dor.
Casa de vó cheira amor...


Jair Yanni

DESPEDIDA

A última gota há de ser de mel
Mínima e pequenina
pra adoçar as alegrias que me restam

Do amargor por certo estarei distante
Aceitarei o fim sempre fatal
inevitável

Levarei comigo o louvor
de ter vivido plenamente
Semente do bem que ousei plantar

O peso das magoas fica no lugar
transformado em quilos de perdão

Penitência por meus erros na passagem

O que acertei deixo de herança
a quem prouver usar e lavro em testamento:
....“meu Amor à Vida
que o espalhe o vento”


João Nery

REVERSO

eu quero escrever um poema
ue deforme a tua lua
e que tua alma seminua
desfaleça ao percebê-lo

eu quero escrever um poema
com restos do meu soluço
que meus olhos dissolutos
se entorpeçam de desejo
o desejo de desvê-lo

eu quero escrever um poema
que resvale na ironia
e revele em simetrias
o desuso da saudade

eu quero um poema torto
escrito em linhas retas

que despoemise o amor
que destrua a minha crença
e me faça desigual

eu quero escrever um poema
que desdiga o que foi dito
que desfaça o que se fez
que desnude o desgosto
desbotado em cada gesto

e ao desanoitecer da noite
na desordem indiscreta
do desbeijo dos teus beijos
se estabeleça em teu regaço
o reverso dos meus versos
e no desabraço dos teus braços
eu me sinta um despoeta.


Mara Senna

LEVE

Ô Deus, me pega no colo!
Conserta meus pés de barro,
senão desmorono.
Meu chumbo me pesa.
Coloca-me asas, daquelas de anjo,
dá-me vôos de pássaro,
travesseiros de nuvem,
ventanias.
Hoje preciso voar,
sair do chão
ficar em Tua companhia.
Ser apenas pluma,
bruma,
espuma do mar
Qualquer coisa muito leve
que me eleve
para o ar.


Marcos Moreira

PALAVRAS QUE SONHAM

Gosto das palavras
que adormecem
nos meus sonhos.

E, quando despertam,
dizem coisas
que as outras palavras não dizem.

Ou então se aconchegam
no murmurar do silêncio.

É quando mais gritam,
ainda que seus gritos
nem sempre sejam ouvidos.

E, ainda assim,
continuam a gritar,
certas de que o céu as ouve,
porque sabem que só o céu
sabe ouvir o silêncio a sussurrar.

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Para o Amado Mestre
VINHAS

Beba do vinho
das minhas vinhas.

E embriague-se.

É vinho
que vem do vento
que venta auroras.

E estarei sempre a vindimar.


Mário Massari

GOTA

A gota transcende

à queda

e repousa calma

na folha que, solícita,

a recebe.

O solo há tempos espera

mas reluta a gota,

ante a acolhida da folha

a abandonar carícias certas.

 

Gota folha solo

triângulo inevitável

da chuva que é promessa.


do livro - Achados e Guardados

 

Mariza Ruiz

LUNÁTICA

Carrego de luas
o céu de meu destino.
E já que não recua
minha força de menino,
deixo-me imbuir
de macio mar de leite,
e me principio
e me torno enfeite
de meus próprios desafios.


Marlene B. Cerviglieri

FLORES DA VIDA

No jardim de minha vida,
Recolho agora tudo que plantei.
São lírios da paz, jasmins perfumados,
Orquídeas deslumbrantes!

Com a serenidade que preciso,
Contemplo as arvores o céu e o mar.
O coração bate sem acelerar-se,
Num compasso tranqüilo
Com a paz que mereço.

Neste grande jardim,
Que é a vida
Passeio entre alamedas de amor, de dor,
De felicidade semeando a esperança.

Que tudo floresça,
Que eu deixe firmes raízes
De tudo que foi,
E não mais será...

Nilton Manoel

O TREM

Tanto tempo faz
que na baixada de vila Tibério
havia uma estação de trens!
Trem ia, trem vinha...
Apitos, fornalha quente, brasas e vapores....
Maria Fumaça
Era graça e riqueza....
Quanta coisa havia na ferrovia...
A estação, o chefe, o telegrafo...
Na maquina o maquinista e o ajudante...
O picador de passagens...
O carro restaurante...
Os sonhos de cada um!
Os trilhos sobre dormentes
era o caminho de ferro...
Quanta coisa pelo caminho...
Foi-se Maria, veio a maquina à Diesel...
Foi-se a ferrovia... Foram-se os trilhos...
Fim das porteiras e das placas Pare,Olhe,Escute.
Vieram os ônibus e os caminhões
Foram-se máquinas e vagões
dos bucólicos cenários.
No advento da gasolina
Carros estrada à fora....
Foram-se as velhas fazendas
Vieram as novas casas!
O trem ainda existe
pelos filmes que ainda vemos.
No entanto estilizado
Por superfícies e buracos
O velho trem corre por grandes centros;
Com todo o aparato da modernidade
Vivo de estação em estação
Com as paisagens de um metrô.
Ribeirão Preto não tem metrô?
Nada tem... Nem palmeiras!
o ribeirão Preto em placa de obras é córrego


Oefe Souza

Bendigo a tua amizade
Minha emoção é tamanha
És um anjo de verdade
Que, nas letras me acompanha


Oleg Almeida

MEMÓRIAS DUM HIPERBÓREO: VI

Quando eu tinha uns treze anos,
as árvores eram altas
e as palavras, sinceras.
Estavam vivos os meus avós,
ainda novos, os pais,
e não faltava, nas redondezas,
quem os achasse dignos de reverência.
Naquele tempo,
toda manhã, em janeiro como em julho,
simbolizava a felicidade:
cedo se levantava o sol,
um pires de moranguinhos já me esperava em cima da mesa,
e lá no telhado, suavemente
turturilhava um casal de pombos.
E eu vivia –
não consumia a vida
nem a deixava puxar-me pelas orelhas –
apenas vivia,
contente com poucas coisas que tinha,
e no lugar dos brinquedos surgiam os livros interessantes:
contos, diálogos e poemas.
E cada vez que a moça mais linda de toda a cidade
passava, de peplo curto
e uma fita purpúrea a segurar os cabelos luxuriantes,
defronte da nossa casa,
soltavam-se os meus olhos do velho papiro
e, fascinados, corriam no seu encalço.
De vagabunda chamavam-na os vizinhos,
e eu, numa blasfêmia inofensiva,
de Chipriana,
tanto o requebro dos seus quadris
exacerbava o meu anseio de ser adulto.
Depois da chuva,
o arco-íris juntava as extremidades do plácido firmamento,
e a janela do quarto, onde dormia,
dava para o mar,
pacato e cristalino feito um riacho.
Harmoniosos eram os nossos dias,
malgrado se sucedessem depressa...
Quanto à morte, ela não existia.


Rita Mourão

INFÂNCIA

Minha infância?
Um chalé colorido,
com janelas de esperança
que mostravam do outro lado
um horizonte acenando sonhos.
A infância passou, o chalé perdeu a cor
e os sonhos se cristalizaram na memória.

Felicidade é ver o bem que podemos fazer, e nos conduzir a isto

Sócrates.......

Uma boa cabeça e um bom coração formam sempre uma
uma combinação formidável.

Sonho com o dia em que todos levantar-se-ão e compreenderão que foram feitos para viverem como irmãos.

Nelson Mandela ..

Podemos ser apenas um ponto, desde que se destine ao infinito.

Colecione pétalas só do bem-querer,
pra unir o seu jardim ao meu e fazermos do mundo um tapete de Paz.

Cléo Reis..